Na ânsia de apresentar produções inovadoras e mais bem elaboradas , a Globo escreveu um novo capítulo na relação TV-Cinema. A emissora lançou em um mês dois produtos comandados por cineastas e realizados em parcerias com suas respectivas produtoras: a minissérie Som e Fúria dirigida por Fernando Meireles e produzida pela O2 Filmes e a série Decamerão de Jorge Furtado e Casa de Cinema de Porto Alegre.
Ambas as obras trouxeram uma linguagem extremamente diferente da que o público da televisão está acostumado. Som e Fúria em diversas situações fazia uso do flashback e também da elipse (recurso em que se omite cenas óbvias para o telespectador). Já Decamerão apresenta como grande novidade o fato de todo o seu texto ser escrito em versos. Além disso elas também se diferenciavam na construção dos enredos explorando assuntos até certo ponto "virgens" na TV. A primeira mostrava o cotidiano de uma companhia teatral, com todas as suas dificuldades e glórias. E a mais recente se inspira no clássico da literatura realista,"Decameron"de Giovanni Boccaccio, construindo uma comédia de costumes que se passa no período medieval.
Essa troca de influências entre diretores de cinema e profissionais de televisão vem crescendo já há um certo tempo.Por exemplo, Daniel Filho consagrou-se como diretor de novelas e hoje é o cara que mais filma no cinema brasileiro. João Emanuel Carneiro autor do sucesso A favorita foi roteirista do premiado Central do Brasil. Com o crescimento do nosso cinema e com a necessidade da televisão produzir coisas melhores, a tendência é que esse trafégo entre os dois meios fique cada dia maior.Entretanto deixo um pedido ao pessoal da TV; quando investirem em produções do tipo das citadas no texto, façam com um número maior de episódios, pois acho muito pequena a temporada em que elas ficam no ar.
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